Você me deve fidelidade, eu a você, quem sabe...



Quem for fiel aqui dê uma passinho à frente....
Ontem conversando com um amigo veio a tona o tema fidelidade, assunto polêmico, contraditório. Passei então a pensar sobre o tema, afinal de contas...ser ou não ser fiel, eis a questão. A meu ver, fidelidade não se restringe a um relacionamento, devemos ser fieis a uma ideia, a um compromisso, aos amigos, à família, a nós mesmos. Muito digno tudo isso, na teoria porque na prática só por Deus. Quantas vezes falhamos em nossos propósitos, quantas vezes deixamos uma ideia ou ideal de lado porque não era conveniente, quantas vezes erramos com os familiares, com os amigos. Ainda bem que ninguém é perfeito, e a gente até pode errar sem tanto drama de consciência, principalmente porque inventaram uma palavrinha danada que é "Perdão" e ...perdoar é divino. O problema é que o perdão que em si é mesmo é um ato muito digno, da margem a novos deslizes, aprendi isso quando menina na primeira vez que fui me confessar, lembro-me que estava em cólicas na fila do confessionário, achei que o padre não ia me perdoar e não sabia como seria minha vida depois daquilo, quando ajoelhei em frente ele, já esperava pela cadeira elétrica . O Padre disse depois de alguma oração, fale filha ...quais seus pecados.....respirei fundo, agarrei a correntinha em meu pescoço com um crucifixo de prata bem pequininho que eu carregava e soltei o verbo : Respondi meu pai, minha mãe e briguei com minha irmã. Pronto, estava feito...agora era aguardar a sentença que veio rapidinho......
- Filha, reze 03 pai nossos e 03 ave-marias , vá e não erre mais. Mal acreditei, só isso ? oras....era só rezar e eu estava livre dos meus pecados ? Não era tão horrível como eu havia pensado....saí dali leve e inocente, sem culpas. Claro que continuei a errar e a esses errinhos inocentes da minha infância, somaram-se outros bem menos desculpáveis. Não vou aqui culpar o padre, claro....mas que o perdão é uma faca de dois gumes, isso é. E é óbvio que não estou fazendo apologia ao não perdão, quem sou eu para ir contra o que Cristo pregou, apenas falo da indolência do homem e de como reverte o que seria um bem em uma conveniência. Voltemos à fidelidade. Uma das mais difíceis formas de fidelidade é a de um relacionamento. Quando você elege uma criatura para ser seu, você leva isso ao pé da letra e quer mesmo tomar posse do individuo. Supõe-se que ao se interessar por alguém , você o fez por admirar a forma da pessoa ser, por sentir-se atraído por ela, no entanto....ao estar juntos, o desejo é de moldar a pessoa ao que você entende por ideal, então inicia-se uma luta de transformação...do outro. Além de desejar transformar o mal acabado que caiu em suas mãos em par ideal , espera-se dele o mínimo, que é nos aceitar como somos e ser absolutamente fiel a nós. Porém, quando chega nossa vez de ser fiel, lembramos que...a carne é fraca, que estamos em evolução ainda e que em não sendo perfeitos , ainda podemos errar e melhor de tudo, sempre poderemos ser perdoados. E se por acaso não recebemos o perdão nos sentimos a vítima, e toda a culpa recaí sobre o outro que não é compreensivel e nem capaz de ato tão digno, afinal.....é uma máxima de Jesus, perdoar não sete, mas setenta vezes sete. Pensa na minha carinha de felicidade ao lembrar disso, ter mais 489 possibilidades de perdão, se bem distribuídos, da para administrar por uma vida inteira. E para que estou escrevendo tudo isso ? Porque cheguei a conclusão que a fidelidade é uma pista de mão única, e a frase "Não faça aos outros aquilo que não deseja que façam a você" , é só uma bela frase, muito pouco praticada. Portanto, você me deve fidelidade...eu a você, quem sabe.
Lu
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